A união de drones e controle biológico, duas tendências no combate às pragas nas lavouras, está cada vez mais frequente nas fazendas por todo o país. O objetivo é ganhar em eficiência a partir de mais qualidade na aplicação, redução de custos, melhoria na produtividade e menor tempo de operação.
A multinacional holandesa Koppert, por exemplo, tem parcerias com empresas de drones para fazer a liberação de agentes de controle macrobiológicos utilizando os vants (veículos autônomos não tripulados) no campo.
Entre os biológicos, estão inimigos naturais da broca-da-cana (Trichogramma galloi); de seis tipos de lagarta (Trichogramma pretiosum); e de cinco tipos de percevejos (Telenomus podisi) de diversas culturas.
De acordo com o CEO da Geocom, uma das empresas parceiras, Gláucio Carrit Antiga, as vantagens de combinar as tecnologias são inúmeras, principalmente qualidade da aplicação; rapidez; atendimento à flutuação das pragas e custo mais baixo.
“A tecnologia do drone inclui um mecanismo dosador preciso, capaz de distribuir de forma exata o agente biológico na área a ser controlada; os drones são capazes de cobrir grandes áreas, e é possível efetivar o controle em momentos de pico”, explica.
Segundo ele, a rentabilidade ao final da safra também aumenta. Em cana-de-açúcar, por exemplo, a cada 1% de redução do índice de infestação da broca, o produtor tem cerca de R$ 100/ha a mais no bolso.
Redução de custos
Um exemplo prático desta última safra foi um comparativo feito em áreas no município de Alto Alegre (RS), que utilizavam o controle convencional e outras onde foram aplicadas o Trichogramma pretiosum para o controle de lagartas em lavouras de milho.
“Diferente do manejo convencional que utilizou cinco aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, o biológico realizou apenas uma dispersão de vespas para todo o ciclo da cultura do milho, gerando uma redução de cerca de R$ 250 por hectare”, acrescentou Cristiano Gotuzzo, diretor executivo da Geoplan Soluções em Agronegócio.
Segundo ele, se for somado a economia de cerca de R$ 400 por hectare na escolha da semente, é possível ter uma redução no custo total de, aproximadamente, R$ 650 por hectare com o uso dessa tecnologia, sem reduzir a produtividade da lavoura.
Grandes áreas
Rodrigo Rodrigues, gerente de vendas Centro-Sul da Koppert, detalha que a utilização dos drones permite a liberação em áreas de 200 a 350 ha/dia de culturas como soja, milho e algodão, além de não utilizar a infraestrutura de equipamentos do produtor.
“Os pulverizadores, tratores e outros implementos podem ser utilizados nas operações normais da fazenda, enquanto o drone faz a liberação dos macrobiológicos. Toda a operação com drone custa menos que uma única aplicação convencional, usando tratores, motos ou liberação manual”, disse.
Produtores
Os produtores, tanto de cana-de-açúcar, como de grãos e outras grandes culturas, têm recebido muito bem a tecnologia. Geralmente, a primeira etapa foca em entender a novidade, depois constatando as inúmeras vantagens no campo, e ao final, colhendo os resultados expressivos da tecnologia.
“Há uma percepção clara também das vantagens do ponto de vista de sustentabilidade, e muitos já veem a oportunidade de reduzir o uso dos defensivos químicos, garantindo um ambiente mais equilibrado”, comentou Antiga.
Samir Rodrigo Fin, CEO da Agrovoa, explica que os drones têm uma espécie de “caixa preta”, onde ficam armazendas todas as informações sobre a aplicação, como quantidade de produto por hectare e área alcançada.
“Esses dados são essenciais para o planejamento e acompanhamento pelo cliente, o que garante uma adesão maior ainda à essa tecnologia”, finaliza.
A receptividade dos parceiros e clientes para a aplicação via drone passou da fase de conhecimento, e se tornou a forma de aplicação padrão. “No campo, todos reconhecem essa forma de aplicação como sendo muito vantajosa e percebem que é a agricultura 4.0 no dia a dia das propriedades”, conta Rodrigues. (com informações da assessoria de imprensa da Koppert)
AUTOR:
Daniel Azevedo Duarte
Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do AgEvolution do Canal Rural,